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Arquitetos: Felipe SS Rodrigues
- Área: 200 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Fran Parente
A GK Partners é uma firma de investimentos de impacto positivo que busca participações minoritárias, com governança, em companhias já estabelecidas e em crescimento, nos setores de people development, healthcare equitye climate action. Sediado no Edifício Capitânia, projetado pelo arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, na esquina da Faria Lima com a Cidade Jardim, o edifício de médio porte atrai inquilinos que buscam fugir das torres espelhadas ou texturizadas, com pouco ou nenhum indício de cultura arquitetônica. Ainda que projetado em 1973, o prédio guarda qualidades atemporais, como uma estrutura de pilares externa à planta, e janelas amplas que configuram grandes panos de vidro, ambas operações que valorizam o bem-estar do usuário antes mesmo de celebrar o marco arquitetônico que é, inclusive reconhecido no livro Arquitetura moderna paulistana (São Paulo: Editora Pini, 1983) de Alberto Xavier, Carlos Lemos e Eduardo Corona.
Este novo projeto responde a necessidade de expansão do escritório. A primeira versão foi feita em 2019, em ¼ da planta-tipo de um pavimento que possui área total de 400m2. A capacidade do escritório anterior era de 15 pessoas e pulou para 30, com a locação de uma unidade dupla no mesmo edifício em andar mais baixo.
Esta nova versão contou com maior número de salas de reunião. Para que a percepção espacial não fosse diminuída, foram criadas salas de vidro com tecido permeável entre elas, de modo que quando o usuário ou visitante utilize uma sala, mesmo que fechada, consiga ter uma noção do todo, em um plano que se faz perceber infinito por entre as cortinas quase como uma névoa.
O salão principal, foi dividido por uma estante que organiza a circulação do escritório sem devassar a área de trabalho coletivo – ela é espera, copa, e mote discursivo para o escritório de investimentos especializado nos sustentáveis. No verso, a estante recebeu duas lousas que ficam à disposição da equipe para que nelas depositem suas estratégias.
A estrutura de vigas ficou exposta nesta versão da GK, com forro apenas na região das salas de reunião – utilizadas para distribuição de ar no salão. Para o conforto dos usuários recebeu pintura branca homogênea, recobrindo o concreto aparente e removendo a constante sensação de tempo nublado sobre nossas cabeças. Além da pintura, o projeto contou com uma luminária superdelgada que ilumina para baixo e para cima, valorizando ainda mais a estrutura.
O fato é que os espaços corporativos mudaram muito nos últimos anos. Saíram da formalidade compartimentada dos anos 1950 e atingiram grande informalidade nos anos 2000. Essa informalidade ainda precisa ser calibrada, pois hoje não é incomum que se confundam salas de descompressão com as de creches, ou alguns lounges com os salões de festas do McDonald’s. Aos poucos as empresas retomam o equilíbrio de sua estética. Não se trata de piso de mármore e painéis amadeirados fechados em portas piso-teto, tampouco se trata de playgrounds ultra coloridos para adultos. Buscamos projetar um espaço com estratégia atemporal, sem olhar exclusivamente para a moda do tempo presente, capaz de receber com conforto não a um grupo específico ou outro mas a qualquer um que seja capaz de sentir.